DA SIMPLICIDADE DO CULTO


Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional (Rm 12:1).


O culto a Deus sempre foi objeto de reflexão na história da igreja. Embora a tradição judaica dos tempos de Jesus e de Paulo considerasse o culto um mero ritual, o apóstolo afirma que o culto é realizado no santuário que O próprio Espírito Santo edificou, o nosso corpo.

Infelizmente, a doutrina de Constantino (lV) ainda domina o nosso imaginário; para cultuar, é necessário um espaço consagrado, um prédio ou algo do gênero. Independente se é uma reunião imunda, o ambiente tem o poder de garantir a presença de Deus.

Estou certo que muitos, por mais que sejam adeptos ao “Teatro Cultico”, o fazem com inteireza de coração. Há quem diga: “Vou ao culto!”. Esta expressão, obviamente, procede de quem considera o cenáculo descrito em At 1.13; 20.8; Mc 14.15 e Lc 22.12 uma espécie de pré templo. Paulo sabia que essas estruturas, como as sinagogas, não estariam disponíveis sempre que a igreja precisasse. Portanto, o culto, não poderia depender delas. 

Hoje, o mundo está diferente dos dias de Paulo, somos abastados, herdamos do catolicismo romano a suntuosidade dos templos, papas e o glamour medieval. Segundo os patrocinadores dessas casas, aquele que estiver fora dessas fortalezas não terá parte no Reino dos céus, ou seja, João em Patmos, Paulo na masmorra, o Eunuco na Etiópia e muitos outros que sofreram a ausência física da grande massa já ardem no inferno. 

Por outro lado, os templos de culto que são legalizados tornam-se ótimas ferramentas para reunir os santos. Repito: ferramentas. 

Um espaço desse facilita muito a realização dos sacramentos, mas não é responsável pelo culto a Deus. O culto bíblico é a apresentação contínua do nosso corpo, alma e espírito a Deus. Imagino que para Paulo não tenha sido muito fácil, pois alguns helênicos não tinham o corpo como um elemento bom. Inclusive, as seitas de hoje que separam a fé da razão, a carne do espírito e espiritualizam tudo que vêem pela frente são herdeiros dos gnósticos.


O culto é racional!


Se Deus quiser operar algo diferente, uma intervenção gloriosa para a edificação do corpo de Cristo, amém! Porém, não compete a nós criarmos condições esquisitas para essas manifestações. É bom que saibamos: Deus não tem limites, nós sim! Qualquer grupo que ridiculariza o culto esperando o retorno dos céus, com certeza, não terá a glória de Deus, mas satanás e seus demônios fazendo a sua festa.

Quanto aos cambiadores, estelionatários e mercenários da fé, que fazem de seus templos impérios, ditaduras, seitas, negócio de família, boate Gospel, não tenho palavras. Seus frequentadores merecem os seus líderes.

Que possamos ir ao escritório, ao canteiro de obras, ao supermercado, à escola, à casa de um familiar, ao lazer e a qualquer lugar do mundo com o mesmo espírito e consciência que vamos a um templo. O culto acontece dentro, e não fora. Todo lugar é lugar de culto.


Por Daniel Santos 

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